sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Invencíveis

Ainda não eram oito da manhã e vi-os, à minha frente. Um casal nos seus 40 anos. Provavelmente estão os dois sem emprego. Não fosse o contexto menos agradável em que foram vistos, dir-se-ia que são felicíssimos. Mas, afinal de contas, nem tudo é dinheiro, pois não?

Ele com a pele macia de quem acabou de cortar a barba e com uma curta cabeleira pintalgada de brancos que teimam em aparecer. Ela tem menos cabelos grisalhos mas uma face bem menos jovial.

Na hora e tal em que os vi juntos, não houve uma única palavra trocada entre si. Mas os olhares e os gestos ternos falaram mais do que qualquer discurso que pudesse ter sido feito. Um encostar de cabeça no ombro, um sorriso maroto, um beijo suave ao ouvido. As alianças de ouro que levam airosamente no anelar da mão esquerda dizem-me que são casados. A postura de ambos diz que o casamento dura já há alguns anos.

Odeio clichés, mas há um que diz que o amor verdadeiro vence sempre tudo. No caso destas duas almas ainda juntas no meio do infortúnio, o cliché aplica-se perfeitamente. Ninguém julgue que esta realidade é fruto da sorte ou de um feliz acaso. Pode ser, em parte. Mas um resultado destes deve-se à dedicação e à vontade de amar e viver em harmonia e estabilidade.

Aí estão eles. Invencíveis. Apaixonados. Mesmo numa fila para o centro de emprego.

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