domingo, 4 de novembro de 2012

Estranhos que são família

Ontem fui convidado a estar presente numa reunião de estranhos. Quero dizer, para mim eram estranhos porque nunca tinha trocado mais de seis palavras com dois ou três deles. Os restantes 50 que lá estavam eram perfeitos desconhecidos. Se tivesse passado, há alguns dias, por eles na rua, não me despertariam mais atenção do que outra pessoa qualquer.

São família, dizem-me. Isso é que é de espantar. O tamanho das famílias é muito maior do que poderemos imaginar. Ontem tive uma prova disso. Estranhos que, por um código genético, passam a fazer parte do argumento mais válido de todos os tempos para haver amor incondicional: é família. E que família.

Todos os temos. O tio engraçado que atira piadolas mesmo que só nos tenha conhecido quando ainda não tínhamos sequer a altura de um banco de cozinha. A prima giraça que nem sabíamos que existia. O tio de quem nos lembrávamos vagamente e que, ao vê-lo, culpamos o desgraçado do nosso cérebro por ter memorizado características de forma tão imprecisa. A prima com quem já nos tínhamos cruzado em contexto profissional há uns meses sem fazer a mais pálida ideia que havia um laço de sangue a unir-nos.

A verdade é que esse rótulo familiar torna os estranhos em amigos. Sem pretextos. Em menos de nada, damos por nós a partilhar situações mais ou menos íntimas da nossa vida com alguém que nunca antes tínhamos visto. Porque não há medos. É família. E ainda bem.

Menti no início deste texto. Não é verdade que todos eram estranhos. Bem pertinho de mim tinha as quatro pessoas mais importantes da minha família. Faltava só o DJD. Mas esteve lá. Não só porque todos perguntaram por ele, mas também porque o viam em mim.

"Estás tão novo, DJD!".
"Não, eu sou o..."
"A sério?! Estás igual a ele!"

E novidades, há?

Ontem aprendi uma lição das grandes. Quando te cruzares com um estranho e ele pedir auxílio, não negues. Pode ser família.

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