sábado, 10 de novembro de 2012

Ataque de caneta

Não sou agressivo mas tenho a plena noção de que defendo aquilo que quero e em que acredito com bastante veemência. Não sou violento. Longe disso. Não tenho ideia de alguma vez ter entrado em conflito físico. Sempre que havia tareia no recreio da escola, eu apanhava em todas as ocasiões. Vivêssemos nós na Pré-História e eu seria o menos apto para a sobrevivência. O Darwinismo rir-se-ia na minha cara sem qualquer piedade.

Felizmente, e para compensar o meu fraco jeito para as artes marciais, o ácido desoxirribonucleico que transporto em mim deu-me as características necessárias para ter um cérebro com algum poder. O meu grande amigo P costuma dizer que sou o gajo mais inteligente que conhece.

Agradeço sempre o benévolo - e certamente hiperbólico - cumprimento, mas reconheço esse valor em mim, do alto da minha modesta imodéstia. Tenho uma espada e um escudo por detrás dos olhos. A ponta da minha caneta ataca e defende, conforme a necessidade.

Ao contrário de outros confrontos, a batalha intelectual não implica a existência de um derrotado. Numa discussão clara, saudável, aberta e desligada de preconceitos, todos ganham. Método socrático: tese, antítese, síntese e - acrescento eu - caminhar em frente.

Não me acho melhor que os outros por isto, porém. Não me acho melhor que os outros por nada, verdade seja dita. Mas se me perguntarem se me considero útil, respondo que sim. Sem reservas.

Não escrevo para ter razão. Escrevo para fazer pensar. Em primeiro lugar, para me fazer pensar a mim, que tenho os neurónios a faiscar a cada letra que desenho. Mas, acima de tudo, para te fazer pensar a ti. A ti que lês e que não és uma máquina. A ti que tens sentimentos. A ti que pensas. A ti que, por vezes, precisas de alguma inspiração para colocar em perspectiva o espaço de tempo que existe entre o momento do teu nascimento e o instante em que expiras o teu último suspiro. A ti que precisas de ler algo metafísico para teres mais confiança no que queres de ti próprio.

Sou presunçoso por achar que posso ajudar-te? Talvez. Mas faço-o. E não hesito. Sem medo de cair no ridículo, sem medo de ser indiferente e sem medo de ser brilhante. Posso falhar redondamente. Mas tentei.

"O sobrevivente não é apenas aquele que sobrevive.
O sobrevivente é aquele que sobrevive enquanto os outros morrem." - EC

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