sábado, 1 de dezembro de 2012

Breve história do futuro

Projectamos tudo, constantemente. O que vou fazer assim que chegar a casa? Tenho de sair daqui mais cedo porque há afazeres há minha espera no sítio x. Como estarei dentro de três meses? Qual é o caminho certo para conseguir a estabilidade ansiada?

Sabemos sempre qual o desejo mais idealizado. Sonhamos com eles todos dias, várias vezes ao dia. Recordamo-nos dos motivos pelos quais fazemos tarefas mundanas no quotidianos. Sabemos sempre onde gostaríamos de estar ou, pelo menos, onde queremos chegar. Só não sabemos como será realmente. Porque a situação económica não é a melhor, porque ainda não conseguimos aquela oportunidade, porque os astros ainda não se alinharam todos de determinada maneira para que sejamos um indivíduo feliz. (Para que conste, a estória dos astros é uma metáfora aldrabada. O amigo JS sabia-a toda: "O Universo nunca dará conta da nosa existência".)

Sei qual é a minha estação de sonho. O local onde quero chegar e desembarcar, com umas quantas malas de bagagem. Assentar aí arraiais até a minha pequenita e insignificante existência expirar, prolongada apenas por outras almas.

Sinto que estou cada vez mais perto. Embora ainda faltem ultrapassar uns quantos apeadeiros, já vejo a estação principal lá ao fundo, no meio da névoa, suficientemente misteriosa, como deve ser.

Conheço a profissão que gostava de ter. Tenho um retrato-robô da família que quero para mim.

Não tenho medo do inesperado, ainda assim. É ele que adocica os nossos dias. As melhores coisas acontecem-nos quando não contamos com elas - sei bem do que falo. Aguardo com tranquilidade.

"Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam" - JS

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