sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Clausura

De tempos a tempos, precisamos de não sair. Estar naquele que é o nosso recanto mais íntimo, onde guardamos tudo aquilo de que gostamos. No meu caso, são livros e filmes. Dois dias inteiros trancado em casa, como modo de puro enriquecimento cultural. Ou, se preferirem, procrastinação.

Além de aliviar as tensões habituais, provenientes dos mais diversos lugares, também nos traz de volta a uma torre de marfim que julgávamos ter desaparecido. Aquela em que conseguimos colocar o quotidiano em perspectiva e reajustar ideias.

A clausura tem dois elementos definidores fundamentais: o tempo e o isolamento. Ambos convidam à reflexão. Ambos nos dão capacidades decisórias que não sabíamos existir. O siso de que precisávamos. O tempo para pensar, a solidão para sermos nós próprios.

Claro que os amigos possuem uma palavra chave. Mesmo quando os dois melhores nos apontam sentidos ligeiramente diferentes. O P, intransigente, diz-me: "vai por ali, não sejas parvo!". O W insiste que "é complicado".

Livros lidos, filmes vistos, guitarras tocadas, música apreciada e pronto para enfrentar de novo a civilização.

Gostamos de uma clausura ocasional porque sabemos que podemos voltar a ser livres quando nos aprouver.

Vou sair.

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