segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Melodias ensurdecedoras

Era agosto de dois mil e dois. Depois de uma viagem com uns tios e um primo a quem chamava, à época, de melhor amigo, chegava à vila. A noite estava agradável, mas não quente como era costume. Era noite de festa lá na terriola, mas não podíamos perder aquele evento. Um concerto. O meu primeiro concerto.

Pela primeira vez, segui o maralhal de gente, mesmo no meio da estrada, sem querer saber dos carros que ali pudessem passar. Era uma lição que viria a aprender nos anos seguintes: em noites de concertos, quem faz mossa são as multidões, não são os carros. Em noites de concertos, os automóveis têm uma regra adicional no código da estrada: a prioridade é do povo, em qualquer ponto da faixa de rodagem.

Percorrido o trajecto, ali estava ele. O palco, imponente – pelo menos para um miúdo de quinze anos. Anos mais tarde viria a descobrir, por termos de comparação, que era um palcozito. Mas chegou-me para me apaixonar. Pela música ao vivo, claro.
Pouco me lembro da entrada em palco da banda. Devia estar apreensivo quanto ao espectáculo. Se bem me conheço, estaria de tal forma curioso que as emoções estariam colocadas em segundo plano. De facto, lembro-me apenas de saltar e gritar apenas lá para o final do concerto. Literalmente. Lembro-me bem de gritar a única letra da banda em questão que sabia de cor naquela época, sobre as saudades que temos quando deixamos a nossa casinha durante muito tempo.

A verdade é que aquele concerto abriu um precedente. O precedente por uma das únicas paixões que me preenchem. O precedente de, dois anos mais tarde, largar dez contos para ver uma banda mais pesadota, ali para os lados de Chelas. O precedente de, todos os anos, entrar em várias salas para ouvir música do pop ao metal. A minha lista – peço desculpa pela minha obsessão – já conta quase cem concertos. Uns mais que outros, todos tiveram algo em comum: o momento em que me deito. As campainhas nos ouvidos. O arranhar da garganta. A voz de vocalista. A sensação de ter vivido mais um momento único em nome da arte.

Quando é o próximo?

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