sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fugas

A viagem é, normalmente, um escape. Uma fuga da vida de todos os dias. Um correr a sete pés deste mundo de prisões, de trabalho e outros constrangimentos que nos tiram a liberdade pela qual tanto ansiamos. Agarramos na trouxa e fazemo-nos ao caminho.

Não sou particularmente fã de viajar. Não gosto de deixar para trás a vida que tenho. E, sempre que estou longe, dou por mim a deambular em pensamentos em torno daqueles que estão agora sem mim. Na ânsia de um regresso.

Quando estou longe, ocupo-me. Levo trabalho para que as horas passem mais depressa. Se a companhia não for a ideal, enterro-me em livros. Em viagem, escapo-me para o mundo real. Para as coisas que não me deixam perder contacto daquilo que sou e sempre tive. Caso contrário, tenho um medo tolo e irracional de me desinteressar delas.

Amanhã é dia de viagem. O caminho é sempre um ritual de passagem metafísico. Uma chegada a um retiro espiritual onde nada nos distrai de quem somos, das nossas verdadeiras origens. Nada. Nem sequer um telemóvel, que hoje nos traz ruído constante à existência. Ali, o mundo é outro sítio.

Rever família, desfrutar da presença de dois dos indivíduos que mais admiro no planeta. Estar. Ficar. Mas pouco tempo. É o meu quotidiano que me mantém saudável. É nele que estão aqueles que me mantêm equilibrado e, em última análise, feliz.

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