quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Janelas escuras

É noite. Uma madrugada gélida mas agradável. Observo os blocos de tijolo e cimento que se erguem do chão (quem foi que os plantou?).

É dentro das janelas escuras que se escondem os homens e as mulheres que dão cor à moldura da cidade, quando o sol se ergue e ilumina o firmamento. Lá dentro, imagino, dorme-se. Ama-se - ou, sendo cientificamente mais rigoroso, e destacando a frugalidade de um sentimento, pratica-se o coito. Ou, então, dá-se um novo alento à alma com este ou aquele filme ou livro, que um dia alguém escreveu para que amanhã todos enfrentem melhor o dia que se lhes depara.

Todos vivemos juntos. Concentrados. Empilhados em magotes. Sem darmos conta. Por detrás de janelas que não nos deixam ver de fora para dentro mas, injustiça das injustiças, deixam que os escondidos tudo observem.

Estamos incapazes de compreender. Impotentes de conhecer mais e melhor.

A saída de uma janela escura faz-se pela porta de entrada.

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