terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A um herói que nasceu há dias

Não costumo torcer o nariz às dificuldades. Da mesma forma, admiro quem as enfrenta com o fulgor de um cão danado em busca daquele naco de carne que vale pela vida. Olho como heróis aqueles que conseguem feitos que, a mim, me parecem inalcançáveis, de tão difíceis que são de transportar para o meu próprio quotidiano. Há poucos dias, um dos meus melhores amigos tornou-se num verdadeiro herói.

Perder um amigo de infância às mãos da emigração é tão indolor quanto arrancar um rim a sangue frio. É um quase-luto de alguém que já foi, que era e que já não é. Não por ter morrido, mas por lhe terem assassinado (ou mesmo suicidado) as possibilidades de uma vida melhor. Chamem-lhe governo, troikas, conjecturas sócio-económicas ou simplesmente azares da vida. Mas o estoicismo desta gente que muda de rumo por dias melhores é de louvar. Eu não conseguiria - admito-o. Ou, por outra, teria de o conseguir se me visse forçado a tal. Mas a muito custo e só depois de testar todos os outros subterfúgios possíveis e imagináveis.

Uma coisa é certa: G, tens uma estatueta dourada cá em casa. Eu e os teus aguardamos o teu feliz regresso. Boa sorte nas tuas aventuras por terras escocesas.

Podes não ter um país inteiro a torcer por ti, mas o que aí farás representará, para muitos, o país onde nasceste e que agora deixaste.

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