quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Da amizade e outras histórias


Estamos completamente sozinhos por cá. A verdade é essa. Temos uma casa craniana na qual vagueia uma pandilha de ideias e convicções. E à nossa volta circulam espelhos, que reflectem tudo o que vêem e apreendem. Nada de novo até aqui.

À minha volta, há dois espelhos que engrandecem a minha própria capacidade de reflexão.

Comecemos pelo princípio. O W. O sempre atabalhoado W. Sujeito que desafia a morte a cada pedaço de condução que lhe passa pela vida. Agarra num volante e é mais perigoso que um macaco a manusear uma Kalashnikov. Mas é o maior. É um contador de histórias à antiga, sabe dar uma carga emocional espantosa a cada experiência da sua vida – especialmente com as suas side-kicks C. e J. Vê-lo ao volante a lançar palavras ao ar enquanto gargalho sem qualquer pudor é daquelas coisas impagáveis que nem todos têm a honra e o prazer de ter.

Do outro lado do ringue, o P. O sacana do P., com a sua lata icomensurável, sempre a dar-me lições de vida. Diria que é a minha consciência em forma de pessoa. Quando concorda comigo sinto-me um filhote leão que conseguiu agradar ao pai na sua primeira caçada. Quando discorda, tento compreendê-lo com uma certa melancolia que me percorre a alma e me diz “estúpido! Da próxima faz melhor”. Costumo vê-lo na bancada de um grande estádio lisboeta. Mas falamo-nos todos os dias – bendita tecnologia.

Eu – como todos nós – tenho irmãos. Não necessariamente de sangue, mas destes. Os amigos são a família que podemos escolher. Eu não os escolhi. Encontrei-os. Sou um sortudo de primeira.

A vós, grandes W. e P. Adoro-vos. Como gente e como companheiros de viagem. Isto não seria o mesmo sem vocês. E vocês sabem-no.

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