Não importa quem sou. Importa que existo, algures nos
arrabaldes da capital portuguesa, e, dentro de alguns dias, serei mais um
número nas estatísticas dos desempregados. Um número sem rosto. Um rosto sem
emprego. Mas com muito trabalho em mãos.
Engraçada esta forma de nos definirmos a nós mesmos com um
título profissional.
Quando me perguntam quem sou, a primeira resposta (a mais
natural) diz que “sou jornalista”. Mas isso define-me? Não. Sou mais que isso.
Nem pior nem melhor, apenas mais. O jornalismo é uma parte de mim, mas há
tantas outras coisas que me compõem.
Quem sou eu?
Sei quem sou, mas não o consigo explicar. Também não é importante.
Porque sou um número.
O número tem vida?
Sem dúvida. Tem amigos?
Muitos e dos bons.
Tem namorada?
Pela primeira vez, ao fim de alguns anos, não. E confesso que é estranho.
E esse número de que falas, tem ambições?
Não muitas. Não preciso de muito para ser feliz. Ainda assim, sou ambicioso. Num mundo ideal, estaria na Universidade C., dentro de cinco anos, a dar aulas a turmas de miúdos. E disso fazer a minha vida. A ideia apraz-me muito – estabilidade, tranquilidade e estudo. Mistura perfeita.
A partir de agora terei mais tempo em mãos. Para me aplicar
no doutoramento em Ciências da Comunicação – afinal de contas tenho uma tese
para escrever; para aprender e compor mais música e para tentar escrever um
livro. Além disso, criei um blogue. Mais um num oceano de milhões. Mas os meus
textos são egoístas. São escritos, em primeira análise, para mim. À artista.
Resolvo partilhá-los porque alguns podem identificar-se com eles e transpô-los
para as suas vidas. Ou porque podem ser apenas um passatempo interessante para
quem quiser ser uma fly on the wall
na vida de um desconhecido, de um vago conhecido ou de um amigo próximo.
Não espero ter muitos leitores. Não espero ser lido muitas
vezes. Mas espero fazer a diferença para quem me lê.
Sou um número. Mas prefiro as letras.
Gostei do teu perfil!
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Bjs CC