Estamos completamente sozinhos por cá. A verdade é essa.
Temos uma casa craniana na qual vagueia uma pandilha de ideias e convicções. E à
nossa volta circulam espelhos, que reflectem tudo o que vêem e apreendem. Nada
de novo até aqui.
À minha volta, há dois espelhos que engrandecem a minha própria
capacidade de reflexão.
Comecemos pelo princípio. O W. O sempre atabalhoado W. Sujeito
que desafia a morte a cada pedaço de condução que lhe passa pela vida. Agarra
num volante e é mais perigoso que um macaco a manusear uma Kalashnikov. Mas é o
maior. É um contador de histórias à antiga, sabe dar uma carga emocional
espantosa a cada experiência da sua vida – especialmente com as suas side-kicks C. e J. Vê-lo ao volante a
lançar palavras ao ar enquanto gargalho sem qualquer pudor é daquelas coisas
impagáveis que nem todos têm a honra e o prazer de ter.
Do outro lado do ringue, o P. O sacana do P., com a sua lata
icomensurável, sempre a dar-me lições de vida. Diria que é a minha consciência
em forma de pessoa. Quando concorda comigo sinto-me um filhote leão que
conseguiu agradar ao pai na sua primeira caçada. Quando discorda, tento
compreendê-lo com uma certa melancolia que me percorre a alma e me diz “estúpido!
Da próxima faz melhor”. Costumo vê-lo na bancada de um grande estádio lisboeta.
Mas falamo-nos todos os dias – bendita tecnologia.
Eu – como todos nós – tenho irmãos. Não necessariamente de
sangue, mas destes. Os amigos são a família que podemos escolher. Eu não os
escolhi. Encontrei-os. Sou um sortudo de primeira.
A vós, grandes W. e P. Adoro-vos. Como gente e como companheiros
de viagem. Isto não seria o mesmo sem vocês. E vocês sabem-no.
Sem comentários:
Enviar um comentário