Não é segredo para ninguém que ando a escrever outro livro. Acontece que a busca por uma boa história se torna incessante. Acho que encontrei uma narrativa capaz de fazer o que a literatura faz (ou deve fazer). Descobri um caminho. Até que.
Até que se me deu um nó na construção do caminho das personagens. Estagnei, ali, algumas semanas.
É precisa pachorra para escrever. Nem tudo surge em catadupa, as páginas não se avolumam ao ritmo pretendido. Ao mesmo tempo, há outros leitores para manter entretidos. Senão se aparece, é-se esquecido. Tornamo-nos irrelevantes.
Felizmente, as coisas boas aparecem-nos à frente quando menos esperamos. Também assim acontece com as ideias. Esta manhã, foi assim.
A meio da habituada caminhada matinal pela ainda vazia baixa lisboeta, uma ideia esperava-me a uma esquina, como quem pede lume para acender uma cigarrilha. Falei com ela e aceitei-a como desbloqueio mental.
A parte mais interessante no meio de tudo isto é o efeito imediato que as ideias trazem aos paradigmas por nós mesmos estabelecidos. Tinha um título para o novo livro há coisa de três meses. Hoje, de um pinote, o título ficou invertido a 180 graus, só por causa de uma simples ideia.
Fascinam-me as máquinas poderosas que todos albergamos nos capacetes cranianos.