É raro pensarmos no presente. Pensamos no filme que vimos
ontem, naquilo que ainda temos por fazer no trabalho, num ou noutro episódio
engraçado de infância ou mesmo naquilo que gostaríamos de ser dentro de dez
anos, projectando um caminho possível para alcançar a meta final.
É raro termos um pensamento descritivo que defina o preciso
momento presente, como um “agora estou a bater nas teclas de um computador” ou
“agora o pé direito, agora o pé esquerdo”.
É igualmente divertido observar o que temos à luz do
passado. Ou por outra, projectar um possível ou provável futuro tendo em conta
aquilo que já vivemos ou as pessoas que já conhecemos. Aliado a isto, há um
outro pormaior. O acaso. O acaso de encontrarmos, por mera eventualidade, alguém que já
conhecíamos, que a vida se encarregou de nos fazer sair do caminho e que, um
dia, por ventura, decidiu devolver-nos.
Mero exemplo ilustrativo: imagine-se um rapaz, despreocupado
e a manter um hábito comum, que opta, num domingo como outro qualquer, passear numa
livraria. Mistério do universo, horas antes, uma rapariga que o conhece
vagamente, decide, sem o saber, que vai passear à mesma livraria que esse ser que
não encontra há largos anos. Vêem-se, redescobrem-se. O que virá daí é outro
mistério universal. Ligado ao futuro e nunca ao presente. Um mero encontro
entre duas pessoas tem uma probabilidade equivalente de significar um nada
absoluto tão redondo quanto um zero ou de provocar um evento cataclísmico na
vida de algumas centenas de pessoas.
À luz daquilo que vivemos, olhamos para os eventos e, em
última análise, para as pessoas segundo aquilo que partilhámos ou conhecemos
delas. Valerá a pena? O passado dir-nos-á se sim ou não. Seja por influência
directa ou por vivências comparadas.
“Estamos a avançar para o futuro enquanto olhamos apenas
para o espelho retrovisor” – MM
Sem comentários:
Enviar um comentário