sexta-feira, 8 de março de 2013

Um sonho.

De volante na mão. É a estrada que passa - qual tapete puxado por misteriosas forças - por debaixo das rodas, fazendo-as rolar. É noite. As luzes cuspidas pelos postes fazem brilhar de forma ritmada o pára-brisas. A macadâmia deve estar sedenta de automóveis, tal a ausência de máquinas vivas por ali, àquela hora. Deve ser madrugada.

No espelho, dois revêem-se e descobrem, lá atrás, ao longe, dois pontos luminosos que se aproximam.

Ao ultrapassar este carro, um rosto familiar deixa-se mostrar por entre o vidro do bólide que agora chegou. Num fugaz vislumbre, reconhecem-se.

Acto contínuo, há sinais luminosos que demonstram simplesmente vontades e desejos que não podem esperar.

Na berma de uma estrada deserta, embrulham-se num abraço e sorvem os espíritos num beijo apaixonado. O tempo pára, perde o sentido que normalmente tem. Podia ter passado um segundo ou três décadas - quem sabe?, é igual.

Não são trocadas palavras; o olhar basta. Dois caminhos que desafiam as leis da geometria. Primeiro paralelos, depois intersectando-se para, mais tarde, se sobreporem e, eventualmente, tornarem-se num só. 

Acordar. Negrume da escuridão. Calor no coração.

"The land at the end of our toes goes on and on and on and on." - SN

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